Sítios da Água
A natureza tem uma maneira muito simples de nos espantar: é fazer as coisas grandes. ……………………………………………………
Mas, por mais que a natureza faça coisas grandes, o homem imagina facilmente coisas ainda maiores.
Gaston Bachelard, A Concha, in A Poética do Espaço
S/Título fez parte de uma instalação de 14 esculturasintitulada Just Sculpture , que se debruçam sobre o modo como se pode interpretar a escultura e o espaço no mundo contemporâneo, que opta por uma via a que podemos chamar a manifestação de uma poética da escultura, reafirmando uma tendência centrada na “criação” (de alguma forma no casamento do Homo faber de Arendt com o Homo ludens de Huizinga) como aspectos essenciais do objecto artístico. Este grupo de trabalhos situa-se num contexto mais alargado, naquilo a que se definiu por natura naturans e por natura naturata, e que vem caracterizando o meu trabalho artístico desde 1990.
No primado da imagem em que a arte contemporânea se funde ou se faz confundir, com a cultura, desde uma perspectiva da cultura visual, da qual forma parte, a escultura apresenta-se como uma forma de materializar a realidade.
O tacto, conseguido pela materialidade e pela consistência dessa materialidade é o que permite à escultura distinguir-se da imaterialidade da cultura, oferecendo-nos um porto de abrigo face à indiscernibilidade do mundo virtual.
Numa atitude de resistência a esse mundo virtual, estas esculturas sugerem imagens, provenientes de um excesso da imaginação, no seu confronto com o plano da parede, com o espaço e com estes e a luz, as sombras e as qualidades translúcidas da sua matéria, cria ideias-sonho, pretendendo levar-nos a vastos devaneios, experimentados também pelo suave tacto da pedra côncava e aveludada.
Susana Piteira
Desde 1987 que participa e organiza exposições de Artes Visuais, conferências, simpósios e workshops, nacionais e internacionais, dos quais se destacam as últimas exposições individuais: “Bright as silver, white as snow”, Lisboa; Fundação Oriente, 2021 (em parceria com Beatriz Horta Correia e Graça Pereira Coutinho). “O Impulso Utópico”, Lisboa, Sociedade Nacional de Belas Artes, 2019; “Luxuriae” Guarda, Museu Municipal da Guarda, 2017; Reservas e Sedimentos: tensões, representações, heranças ou nomeações. Braga, Galeria da Universidade, Museu Nogueira da Silva e Trompe L’oeil, Le Coeur et La Raison, Quase Galeria/ Espaço T, Porto, 2013. É autora de diversos trabalhos escultóricos de intervenção arquitectónica e no espaço público. Está representada em colecções públicas e privadas.
Recebeu a Menção Honrosa atribuída à obra de escultura Knidia pela SNBA, Lisboa, 2014 e o 2º Prémio de Escultura na semana da Pedra III, Concurso Internacional de Escultura em Pedra, PNSAC, Torres Novas, 1990.
Foi bolseira das FCG e da FCT. Desde 1992 até à actualidade leccionou em diversas Faculdades de Universidades portuguesas.
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