Carlos Ribeiro

Convergências Almada – Terra e Ar

A cerâmica surge por acaso. Atravessa-se-me no caminho e é para mim, ainda, uma busca a partir da singular materialidade do barro. Há qualquer coisa de extraordinariamente único na forma como os sentidos são transformados pelo toque da argila. Envolve-nos as mãos, torna-se pele. É um fazer ancestral, este que nos liga à “terra”, esta terra com que moldamos potes e vasos e canecas e com que construímos edifícios e fazemos esculturas. A mesma terra que alimenta florestas e sustenta a humanidade. A terra de onde o mundo vivo emergiu.

As peças que aqui se apresentam são o resultado de um processo de trabalho, intelectual, físico e emocional, que procura “perceber” o barro, apreender a sua natureza, absorver a sua história e penetrar na sua heterogénea tradição artesanal e artística.


Convergências Almada – Fogo e Água

Vindo do território da escultura chegou à cerâmica à cerca de cinco anos, por via de um exercício de desenho numa residência artística na então escola de arte Mart, hoje A Base. Foi um reencontro, embora as experiências anteriores não passassem de jovens e inocentes momentos de contacto com esta extraordinária matéria que é a argila. 

Nestes cinco anos de contacto com o barro tem explorado, do ponto de vista técnico e estético, essencialmente duas áreas. A primeira, a geometria e arquitetura, em busca de uma linguagem que funcione em relação com as idiossincrasias do barro e que simultaneamente expresse a sua ligação à matéria. A segunda, num processo instintivo e intuitivo, em que frequentemente o material é “atacado” sem plano prévio, um trabalho de características essencialmente orgânicas, em que as formas parecem “reproduzir” momentos da natureza, num universo imaginário impossível mas verosímil.

Constitui-se portanto, este corpo de trabalho, como o ponto de partida para uma investigação, ainda no seu início, que encontra no barro as características necessárias para uma pesquisa formal num projeto essencialmente escultórico.

Nasce em Almada em 1962. Forma-se pela Ar.Co no Curso de Cerâmica, 2018/21, ArCo. Frequenta: Teorias e debates na arte contemporânea, Francisca Carvalho, MArt, Lisboa (2019/20)¸ Curso complementar de Filosofia, FCSH (2017-18), Lisboa; Residência artística, MArt, Lisboa (2017-18); Iluminação em espaço expositivo, EMERGE, Engenheiro Vítor Vajão, Lisboa, (2017); Questões de Arte Contemporânea, Miguel Ferrão, MArt, Lisboa (2017); Performance Arte Portuguesa: performers e performances, Dra. Cláudia Madeira, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, 2017, Lisboa; Curso de Estética, Sociedade Nacional de Belas Artes, concepção e orientação de Professor Doutor José Carlos Francisco Pereira, Lisboa (2014/15; 2015/16; 2016/17), Curso Sub-limen: no limiar do excessivo e do irrepresentável, Culturgest/ArCo, Lisboa, (2014); Curso de Estética – Imagem e Semelhança ‘et in arcadia ego’, Arco, Lisboa (2013/14); Curso de História de Arte Contemporânea, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa (2012/13); Curso de História do Cinema (António Pedro Vasconcelos), Appleton Square, Lisboa (2012); Curso de Serigrafia, Imargem, Almada (2012); Curso de História do Cinema Casa das Histórias (João Braz), Cascais (2010); Curso de História da Performance, Teatro Maria Matos (2010). Frequentou igualmente vários workshops.

Exposições de destaque: “Escalas desejantes”, Museu de História Natural, Lisboa, Portugal (2017); “Digressões”, Oficina de Cultura, Almada, Portugal, (2016), Bienal ASSOCIAARTES – Zagalos, Almada, Portugal, (2015); Fluxus Marginais, Colectivo 3×3, Fábrica Braço de Prata (2014); Solar dos Zagalos, Almada (2013); “Noutros Lugares”, Barreiro (2012); XVII Bienal da Festa do Avante, Seixal (2011); Galeria Escudeiros, Beja (2011); Convento da Verderena, Alto do Seixalinho, Barreiro (2011); Fábrica Braço de Prata, Lisboa (2011); Galeria Municipal de Arte de Almada (2010); “Espaços de Tensão”, Barreiro (2010); Oficina de Cultura, Almada (2010); Galeria da Cooperativa Cultural Popular Barreirense, Barreiro (2010); Sala Pablo Neruda do Fórum Municipal Romeu Correia, Almada (2009); CNAP – Clube Nacional de Artes Plásticas, Lisboa (2006/2007); Galeria Virtuarte, Granolles, Barcelona, Espanha (2005); Oficina de Cultura, Almada (2004).

Os comentários estão fechados.